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O agro no centro de um novo ciclo econômico

Encontro de lideranças na ESALQSHOW apontou diretrizes para uma atividade agrícola mais eficiente e sustentável

Durante a ESALQSHOW, feira de inovação tecnológica ocorrida na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (USP/Esalq) ocorrida dias 10 e 11 de outubro, uma das atividades que mereceu destaque foi o Encontro de Lideranças. Com moderação do jornalista e publicitário José Luiz Tejon, 8 conferencistas debateram o as diretrizes do setor agro nas instâncias do ensino, da pesquisa, da extensão e da sociedade.

Arnaldo Jardim, secretário da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, abriu os trabalhos e falou sobre Políticas Públicas para a Agricultura no Brasil. Segundo ele, um novo modelo econômico consistente terá sua origem em uma atividade econômica que apresente garantia de acúmulo de capital, capacidade de inovação e efeitos macroeconômicos positivos.

“Portanto esse novo tempo terá na atividade agrícola o seu centro propulsor e aquilo que propomos aqui na ESALQSHOW não é somente para a agricultura, mas para o Brasil. Para tanto precisamos aproximar os entes envolvidos e viabilizar parcerias, além de otimizar a participação do setor público”.

Jardim afirmou que para que o setor agro se apresente como indutor de um novo ciclo de crescimento, a sociedade como um todo precisa identificar na atividade agrícola seus diferenciais competitivos.

“E isso já vem ocorrendo, pois muitos preconceitos já foram vencidos em relação à produção agrícola. Hoje produzimos com sustentabilidade e a agricultura de baixo carbono é um bom exemplo. Outra área que avançamos é na profissionalização e nas novas formas de trabalho as quais o homem do campo hoje se dedica”.

Na sequência, Roberto Rodrigues, titular da Cátedra Luiz de Queiroz, abordou o Cenário da Agricultura Mundial e Estratégias para o Brasil. Em sua fala, Rodrigues apontou a necessidade de combater a fome para que possamos garantir a paz.

“A FAO indicou que o mundo precisa aumentar a produção de alimentos em 20% nos próximos 10 anos e que no mesmo período, para que isso ocorra, o Brasil precisa aumentar em 40% sua produção agrária. Para isso temos terra em abundância e com qualidade, temos gente preparada e temos tecnologia de ponta para atender essa demanda global”.

Mas segundo o ex-ministro ainda falta uma estratégia.

“Essa união entre as lideranças na ESALQ é algo fundamental para que essa estratégia seja efetivada. A Cátedra Luiz de Queiroz é um instrumento que certamente ajudará nesse processo, de garantir a paz com alimento para todos”.

O papel do futuro profissional do agronegócio e um novo Arranjo Interdisciplinar na Agricultura foi o tema do diretor da ESALQ, professor Luiz Gustavo Nussio. O diretor colocou a ESALQ e a cátedra Luiz de Queiroz como um novo território de relacionamento para que a academia aprenda a decodificar as demandas da sociedade e possa efetivamente transformar o conhecimento em riqueza para o bem público.

“A comunidade acadêmica precisa se satisfazer com o objetivo de atender a sociedade, já que temos uma legião de pessoas trabalhando no campo e que esperam de nós soluções efetivas para viabilizar uma atividade agrícola cada vez mais competitiva e sustentável”.

Nussio falou ainda sobre o profissional que a Esalq já está formando.

“Passamos por uma crise de identidade mundial e o reconhecimento passou a ser um valor fundamental. Por isso trabalhamos para formar líderes com perfil empreendedor, profissionais capacitados para atender as demandas sociais”.

O anfitrião do evento apresentou também o Plano de Gestão da Graduação da Esalq.

“Nessa nova ótica acadêmica nossos estudantes precisam aprender a conviver com um ambiente sistêmico, no qual os conteúdos programáticos terão que ser ofertados de forma integrada para que ele possa tornar-se um gestor do ambiente agrícola. Em síntese precisamos integrar o conhecimento que esse aluno recebe, afim de acelerar sua maturação profissional em prol de uma economia sólida”.

Universidade de Classe Mundial – Uma das frentes da atual gestão da Universidade de São Paulo foi mapeada pelo presidente da Agência USP de Cooperação Acadêmica Nacional e Internacional (Aucani), Raul Machado. “A USP tem atuado para estabelecer um ambiente internacional tanto na graduação quanto na pós-graduação”. Machado apresentou um panorama dos convênios e parcerias estratégicas estabelecidas desde 2014, “Precisamos conviver com ideias e pessoas sem fronteiras”. Lembrou ainda do fortalecimento das parcerias com instituições latino-americanas e das oportunidades oferecidas para o aprendizado dos idiomas português, para os estrangeiros, e do inglês, para os brasileiros. “Hoje temos cerca de 31 mil alunos utilizando as plataformas online para que possam de fato ingressarem com qualidade nos convênios que mantemos com a escolas estrangeiras”.

Em seguida, o presidente da Embrapa, Maurício Lopes, respondeu a questão: Pesquisa na Agricultura: para onde vamos? Para Lopes, a energia, a água, o meio ambiente, a pobreza e a saúde são os temas cruciais para um mundo que busca um novo paradigma de desenvolvimento.

“Em um futuro próximo, teremos uma população mais idosa, mais urbana, mais exigente e isso impactará na cadeia de alimentos”.

Para isso, o presidente da Embrapa propôs explorar a multifuncionalidade e o investimento em Bioeconomia.

“A Química Verde, os Serviços Ecossistêmicos, o uso da biomassa, a preservação na nossa cultura, são exemplos nessa linha”.

Para que essa proposta se viabilize, ele indicou três frentes de trabalho.

“A Agenda Embrapa esta alicerçada na Ação Integrada e Sistêmica, na Gestão Eficiente de Risco e na tarefa de Agregar Valor e Diversificar nossas ações em prol de um futuro sustentável”.

Mas há recurso para financiar tanta inovação e demanda social? Para José Roberto Postali Parra, coordenador adjunto da Fapesp em Ciências Agrárias e Veterinárias, a Fapesp tem diversas modalidades de fomento a Núcleos de Excelência em Pesquisa, que podem contribuir sobremaneira com o desenvolvimento do agronegócio.

“A interação com as empresas é um dos focos principais de apoio à pesquisa hoje na Fapesp”.

Parra traçou um panorama do Sistema Paulista de Ciência e Tecnologia, que hoje abrange 62 entidades e cerca de 14 mil empresas e destacou a agilidade da Fundação na elaboração de pareceres.

“O papel da Fapesp tem forte peso no total dispendido para atender todo esse sistema. Temos recebido cerca de 26 mil propostas ao ano e nosso prazo para emitir um parecer é relativamente baixo. Isso agiliza o processo e valoriza a pesquisa desenvolvida no Estado de São Paulo”.

Finalmente, José Luiz Tejon amarrou os discursos em sua fala sobre demandas da sociedade para a agricultura. Segundo o publicitário e jornalista especializado em agronegócio, além da união entre os entes da cadeia agro, é preciso trabalhar a percepção das pessoas acerca dessa atividade econômica.

“Precisamos aprender a contar boas histórias, melhorar a percepção da sociedade sobre os diversos elos dessa cadeia”.

José Luiz Tejon amarrou os discursos em sua fala sobre demandas da sociedade para a agricultura

 

Para Tejon, o diálogo constante, a transferência do conhecimento científico em algo que possa efetivamente melhorar a vida das pessoas são fundamentais.

“Precisamos educar a sociedade para as conquistas proporcionadas pela atividade agrícola, trabalhar o conceito de sustentabilidade atrelado à segurança alimentar. As pessoas hoje buscam como nunca saúde e bem estar e precisamos aproveitar esse comportamento, essas demandas, para melhorar a percepção de cada um sobre a importância do agronegócio no cotidiano rural e urbano”.

Antes de encerrar o debate, Tejon convidou ainda o ex-ministro Alysson Paolinelli para tecer uma análise sobre os discursos apresentados. Paolinelli lembrou dos avanços no campo nas últimas décadas e reforçou a necessidade do agronegócio ganhar posição medular nos rumos da economia mundial

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