Neste solo fértil e historicamente vocacionado para o agronegócio, o Vale do Paranapanema desponta mais uma vez como celeiro de inovação e adaptabilidade. Desta vez, com o avanço significativo de uma cultura que alia beleza, rentabilidade e sustentabilidade: o girassol. Nos últimos anos, essa planta de origem americana vem conquistando espaço nas propriedades rurais da região, não apenas pelo seu apelo visual, mas especialmente pelas vantagens econômicas e agronômicas que oferece.
Muito além do encantamento proporcionado pelas lavouras floridas, o girassol tem se revelado uma alternativa altamente estratégica para os produtores que buscam diversificação produtiva e estabilidade diante das incertezas do mercado agrícola tradicional. Em um cenário no qual os custos de produção são cada vez mais pressionados, o girassol surge como uma cultura de investimento inicial reduzido, ciclo produtivo relativamente curto e alta versatilidade de mercado.
O óleo extraído das sementes é amplamente utilizado na indústria alimentícia, apresentando grande demanda tanto no mercado interno quanto externo. Além disso, subprodutos como o farelo são utilizados como ração animal, enquanto outras partes da planta encontram aplicação na indústria cosmética e na produção de biodiesel. Tal amplitude de usos consolida o girassol como uma cultura de alto valor agregado, capaz de ampliar as fontes de renda do produtor rural.
No aspecto agronômico, os benefícios são igualmente relevantes. A cultura se adapta bem a diferentes tipos de solo e condições climáticas, demonstrando boa resistência à seca – característica especialmente valiosa em uma região que por vezes enfrenta estiagens prolongadas. O girassol também atua como aliado em sistemas de rotação de culturas, contribuindo para a quebra do ciclo de pragas e doenças, além de melhorar a estrutura física do solo. Essa capacidade de regeneração do ambiente agrícola o torna peça importante em estratégias sustentáveis de produção.
O avanço da cultura pode ser notado em diversos municípios do Vale do Paranapanema, como Cândido Mota, Echaporã, Maracaí, Assis, Paraguaçu Paulista, Rancharia, Santa Cruz do Rio Pardo e Pedrinhas Paulista, onde lavouras floridas começam a se tornar uma imagem cada vez mais comum. Esses campos amarelos, além de embelezar a paisagem, simbolizam a coragem e a visão de futuro de produtores que apostam em alternativas viáveis para manter a produtividade e a competitividade, mesmo em tempos desafiadores.
A força do girassol também se manifesta na mobilização de conhecimento e tecnologia.
Prova disso são os Dias de Campo promovidos na região, com destaque para o Giro Técnico – Cultura Girassol, promovido pela Ouro Safra. Em 30 de julho, o evento foi realizado no Sítio Guapuruvu, na cidade de Echaporã, de propriedade do produtor rural pedrinhense Andrea Vicentini. A atividade reuniu um grande número de agricultores interessados em conhecer, na prática, as técnicas de manejo e as vantagens produtivas do cultivo do girassol. Os participantes puderam observar os resultados de campo, discutir estratégias de rotação de cultura e interagir com especialistas do setor.
Antes disso, em 10 de junho, outro encontro ocorreu na Fazenda Ajuricaba, em Cândido Mota, sob responsabilidade da produtora rural Loide Gonçalves. O foco do evento foi justamente apresentar o girassol como uma escolha inteligente para uma rotação de cultura sustentável e lucrativa. Assim como em Echaporã, o Dia de Campo atraiu um público expressivo, revelando o crescente interesse por alternativas que combinem retorno financeiro e conservação do solo.
Um dos principais parceiros técnicos envolvidos nos eventos foi a empresa Heliagro, referência em genética vegetal. Os representantes da empresa destacaram o papel fundamental das sementes de alto desempenho para o sucesso do cultivo. Os híbridos da Heliagro apresentam teor de óleo superior a 40%, o que potencializa o valor de mercado e, curiosamente, reduz consideravelmente a atratividade para pássaros — uma das principais ameaças ao girassol em campo aberto. Esse avanço biotecnológico resulta em menores perdas e maior facilidade de manejo até o momento da colheita.
Com o fortalecimento de parcerias entre produtores, empresas como Ouro Safra e Heliagro, e a disseminação de conhecimento técnico por meio de eventos e capacitações, a cultura do girassol tem tudo para continuar sua trajetória ascendente no Vale do Paranapanema. A expectativa é que, em poucos anos, a região se consolide como referência estadual – e até nacional – na produção da oleaginosa.
Em síntese, o girassol representa muito mais do que uma planta bonita. Ele simboliza a capacidade do produtor rural de se reinventar, de buscar soluções eficientes, de olhar para o futuro com ousadia e responsabilidade. No Vale do Paranapanema, essa flor de sol se transforma em símbolo de inovação, rentabilidade e esperança para um agro cada vez mais inteligente, resiliente e sustentável.
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