Primeiros imigrantes chegaram ao Brasil em 1908 para suceder os italianos nas lavouras de café.
O secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Arnaldo Jardim, foi convidado para apresentar uma palestra sobre a influência nipônica no desenvolvimento da agricultura brasileira, e paulista, durante do almoço anual da Câmara de Comércio e Indústria Japonesa do Brasil. O evento, que reuniu aproximadamente 150 executivos de empresas japonesas instaladas no Brasil, foi realizado na sexta-feira, 21 de outubro, no Buffet Colonial, na Capital.
Arnaldo Jardim lembrou que os primeiros imigrantes chegaram ao Brasil em 1908, a pedido do Governo do Estado de São Paulo, para suceder os italianos nas lavouras de café. Nessa época, ter uma propriedade em seu país era algo praticamente inviável para os japoneses; então, quando o governo paulista começou a fazer loteamentos, eles acharam a oportunidade extremamente atrativa e a medida ajudou a fixar os imigrantes no País. No entanto, eles avaliavam que o cultivo de café não era a atividade mais adequada, por ser uma lavoura anual que não dava o retorno com a rapidez esperada. A alternativa foi investir no cultivo de culturas de ciclo curto como frutas e hortaliças. Iniciava-se a formação do Cinturão Verde.
Com sementes trazidas do Japão, os imigrantes passaram a cultivar produtos que faziam parte de seus hábitos alimentares, entre eles o chá, o arroz, a dinamização da cultura da banana e uma série de olerícolas e frutas na qual a presença japonesa foi decisiva, afirmou o secretário, ressaltando que a iniciativa acabou contribuindo para a mudança da dieta do brasileiro, que naquela época ainda era composta apenas por arroz, feijão, carne seca e farinha de mandioca.
Os assentamentos, afirmou Arnaldo Jardim, se transformaram rapidamente em polos especializados em produção de determinados produtos. “O município de Bastos, que hoje é o maior centro de avicultura de postura da América Latina, produzindo diariamente 18 milhões de ovos de galinha, é um bom exemplo da influência nipônica em nosso Estado. Tanto quanto a região de Lins, que se destaca pela fruticultura e horticultura, e produziu talentos como Manbu Mabe e Tomie Otake, que tanto enriquecem a nossa cultura”, comentou.
O secretário destacou a importância de programas como o de Cooperação Nipo-Brasileiro para o Desenvolvimento dos Cerrados (Prodecer), instituído em meados da década de 1970, que transformou o Brasil em uma das maiores potências mundiais na produção de grãos, e de Financiamento a Equipamentos de Irrigação (Profir), criado em 1980. Mas, de acordo com Arnaldo Jardim, “ainda há um longo caminho a ser percorrido”, no qual o País não pode prescindir da cooperação dos parceiros japoneses. “O Brasil tem 850 milhões de hectares e o conjunto de nossa área cultivada, somando-se todas as culturas, cana de açúcar, aqui em São Paulo, os grãos que ocupam grandes extensões no Centro Oeste, as frutas do Nordeste, resultam em pouco mais de 86 milhões de hectares; 10% do território nacional. Portanto, o País tem um potencial fantástico para desenvolver e queremos fazer isso juntos”, afirmou Arnaldo Jardim.
“Me permitam destacar”, prosseguiu o secretário, “três pontos de nossa presença aqui, que constam das orientações do governador Geraldo Alckmin: o primeiro é apresentar a Agência de Desenvolvimento Paulista (Desenvolve SP) e a Agência Paulista de Promoção de Investimentos e Competitividade (Investe SP), que podem intensificar de forma significativa as nossas relações; recordar que nós temos polos de excelência em pesquisa e desenvolvimento, sendo que a Secretaria de Agricultura tem seis institutos de pesquisa que são centenários, responsáveis por boa parte das cultivares que existem no Brasil, os laboratórios têm acreditação internacional para que as questões sanitárias, indispensáveis como ponto de comércio, possam ser adequadamente atendidas. O terceiro é a harmonia entre a produção agropecuária e o meio ambiente. Nesse sentido, destaco a busca de alternativas para estimular a produção orgânica, particularmente para os pequenos produtores”, afirmou.
Arnaldo Jardim citou os programas Nascentes SP, uma iniciativa que reúne a expertise de várias secretarias de Estado, entre elas a de Agricultura, para promover a recuperação de áreas degradas e a produção de água. “Nós temos várias empresas japonesas que estão participando conosco desse programa, o que nos permitiu ampliar, nos últimos cinco anos, o percentual de cobertura nativa no Estado de São Paulo, dentro do que é nosso esforço para combater as mudanças climáticas; e o Microbacias II, que permitiu incrementar a renda e aumentar a oferta de emprego nas propriedades rurais.
O evento reuniu pesquisadores dos seis institutos de pesquisa que compõem a Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta) da Secretaria de Agricultura, que têm trabalhos relacionados à cadeia de proteína animal, representantes de empresas privadas e de instituições de fomento para conhecer o novo marco legal de ciência e tecnologia proposto pelo Governo do Estado – que permite a formação de parcerias entre esses três entes da sociedade. “Queremos convidá-los para ampliar a questão das parcerias, tanto na produção de antígenos quanto no desenvolvimento de insumos e defensivos e replicar a boa história que São Paulo, e Brasil, tem com o Japão e com a comunidade nipônica que aqui se encontra”, finalizou.
Além do secretário Arnaldo Jardim, também participou da apresentação o governador do Estado do Ceará, Camilo Santana, que explicou a criação da Zona de Processamento de Exportação (ZPE) do Ceará. Também compareceram ao evento o presidente da Câmara Japonesa, Aiichiro Matsunaga), e o cônsul geral do Japão em São Paulo, Takahiro Nakamae, além dos diretores executivos da entidade.
Fonte: Secretaria de Agricultura – SP