LongPing Agriculture e o fundo Citic Agri Fund anunciaram conclusão da compra nesta sexta-feira (1º). Empresa vai se chamar LP Sementes e já detém 18,5% do mercado brasileiro no segmento.
Líder da indústria de sementes na China, a Yuan LongPing High-Tech Agriculture e seu principal acionista, o fundo chinês Citic Agri Fund, anunciaram nesta sexta-feira (1º) a aquisição dos negócios de sementes de milho da Dow AgroSciences no Brasil, por US$ 1 bilhão.
A empresa passará a se chamar LP Sementes e já nasce com vantagem competitiva, já que a Dow detém 18,5% do mercado brasileiro de sementes de milho, ocupando o terceiro lugar no ranking nacional, além de negócios no Paraguai e Argentina.
A transação inclui aquisição de ativos da Dow AgroSciences Sementes e Biotecnologia Brasil Ltda., o acesso total ao banco de germoplasma de milho brasileiro, a marca Morgan e a licença para uso da marca Dow Sementes por 12 meses.
Em coletiva realizada em Ribeirão Preto (SP), onde está um dos escritórios da Dow, os executivos da LongPing e da Citic comentaram o projeto de expansão. O evento contou com a presença do cônsul geral da China em São Paulo, Song Yang.
Representando a embaixada da China, Yang leu uma carta enviada pelo consulado e citou que, em 2016, os chineses importaram US$ 20,8 bilhões em produtos agrícolas brasileiros. Ao mesmo tempo, 24,5% do que foi exportado teve a China como destino.
“A China e o Brasil são altamente complementares. Na agricultura, a China tem escassez em soja, algodão, produtos lácteos. O Brasil é conhecido como celeiro mundial do século 21, é um dos principais produtores, pode oferecer uma oferta estável e eficiente”, disse.
LP Sementes
Com a conclusão da transação, o presidente da LongPing, Zhang Xiukuan, assumirá a presidência da LP Sementes e Vitor Cunha, gerente-geral da Dow, permanecerá no cargo. A estrutura organizacional e a equipe gestora da empresa também serão mantidas.
“Nossa marca não mudará. Nossas sementes não mudarão. Nossa equipe não mudará. Também prometes à Dow que dentro de cinco anos não demitiremos sem justa causa nenhum funcionário, para garantir a estabilidade de funcionários e equipe”, disse Xiukuan.
A companhia manterá a operação da marca Morgan e terá uma licença de uso da marca Dow Sementes por um ano. Neste período, a LP lançará uma nova marca, ainda em fase de desenvolvimento, segundo afirmou o gerente geral, Vitor Cunha.
“O nosso compromisso será o mesmo. Obviamente, teremos mudanças estratégicas, mas o principal compromisso é estar próximo ao cliente, continuar levando o melhor germoplasma , a melhor genética, e a melhor tecnologia”, afirmou.
Expansão
Líder global no segmento de arroz híbrido, a LongPing não descarta expandir esse mercado para o Brasil. Entretanto, os investidores não informaram detalhes sobre possíveis planos de negócios para os próximos anos.
“Na China, temos um market share de 30% e no sudeste asiático ainda mais. Acreditamos que a necessidade do mercado brasileiro pelo arroz é grande. Certamente, um dia, iremos trazer sementes de arroz híbrido para o Brasil”, disse o presidente da multinacional.
Apesar de confirmar o interesse do Citic em investir em outros países da América Latina, o gerente geral do fundo chinês, Shi Liang, destacou que a prioridade, nesse momento, é o mercado brasileiro de sementes.
“Esse fundo tem olhos ao redor do mundo e procura investimentos no mundo inteiro. No Brasil, desejamos investir cada vez mais na biotecnologia, e estamos no começo. No futuro, caso houver a necessidade, poderemos estar juntos com a LP Sementes na América Latina”, afirmou.
O gerente geral da LP Sementes reforçou que a compra de negócios da Dow não altera os planos feitos pela empresa para os próximos anos. Entretanto, segundo Cunha, a partir da estabilização da nova estrutura, será possível continuar expandindo.
“Obviamente, vamos tentar buscar novas oportunidades dentro das Américas. Mas, a LongPing vê oportunidades com a nossa genética para Ásia e o nosso germoplasma tem uma boa habitabilidade nessa região”, disse.
Cunha também afirmou que a genética contribuiu com agricultura brasileira, citando que há dez anos a safrinha tinha menos de 4 milhões de hectares com produtividade média de 55 sacas. Hoje, segundo o gerente da LP, esse índice é de 11 milhões de hectares produzindo cerca de 130 sacas.
“Todo sabemos que as tecnolvias de hoje demandaram tempo e investimento, mas não são a única porta para resolver todos os problemas da agricultura. Tecnologia não é solução é parte de um manejo para o sucesso da agricultura”, concluiu