Agronegócio Destaque Notícias

Manejo de pragas da mandioca

Renata Baldo

 

O pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura (Cruz das Almas – BA), Rudiney Ringenberg, foi palestrante convidado na I Feira Internacional da Mandioca (FiMan) com a abordagem do tema “Ferramentas para o Manejo Integrado de Pragas”. Doutor em entomologia, Rudiney também coordena a Comissão Técnica de Registro de Agrotóxicos para Mandioca.

O palestrante trouxe para o público da FiMan alguns dados de pesquisas desenvolvidas no Campo Avançado da Embrapa, com atuação no Centro Sul do Brasil, abrangendo o manejo de pragas, o desenvolvimento de variedades, e o sistema de produção da mandioca focado no plantio direito. “Este trabalho vem abrangendo basicamente os estados de São Paulo, Paraná e Mato Grosso do Sul”, conta.

De acordo com Rudiney, dentre os insetos-praga que atacam a cultura da mandioca, o mais agressivo continua sendo o mandarová. Além deste, existem a Mosca-branca com população em crescimento, o Percevejo de renda, a cochonilha da parte aérea, e o Migdolus, este último inseto comum da cultura da cana-de-açúcar e de pastagem. “Nesta região temos plantio de mandioca em cima de pastagem degradada, o que justifica a incidência de Migdolus no noroeste do Paraná”, explica.

O pesquisador trabalha junto aos produtores o manejo integrado de pragas. Desde forma, para o produtor escolher a melhor técnica, ou seja, se utilizará controle químico ou biológico, e o momento certo de entrar no cultivo para fazer o manejo do inseto, será necessária a identificação do mesmo, amostragem, definição de nível de dano.

Pensando em controle químico, será importante avaliar o seu modo de ação. “É fundamental saber que precisamos de um inseticida em determinado momento de choque, ou de um regrador de crescimento, este último mais seletivo aos inimigos naturais, contudo, mais lento para matar o inseto”, expõe Rudiney.

Já, optando pelo controle biológico no monitoramento do mandarová, o manejo precisa ser semanal. “Podemos ter uma armadilha luminosa ou contagem direta dos insetos a campo para saber o momento certo de aplicar o Baculovírus perinius ou o Bacillus thuringiensis”, coloca o palestrante acrescentando que: “O Baculovírus, depois de feita a aplicação, demora três dias para ser ingerido pela lagarta”.

O palestrante nota ainda que em todo desenvolvimento da fase jovem a lagarta se alimenta de dez a doze folhas, sendo que de 75% a 80% de toda essa alimentação ocorre no último estágio dela, acima de 8/9 cm. “Se depois de aplicarmos o Baculovírus a lagarta continuar fazendo a desfolha da planta, o momento do controle biológico não era o ideal, mas se fizermos o monitoramento do cultivo semanalmente sempre encontraremos a lagarta na fase ideal de manejo com controle biológico”, explana.

O pesquisador preconiza o controle biológico levando em consideração que, atualmente, só existem inseticidas registrados para mandarová e a população de Mosca-branca, Percevejo de renda está em equilíbrio no cultivo. Porém, quando entrar com essa ferramenta de amplo espectro de ação, a qual tem efeito de choque na eliminação no mandarová, os insetos benéficos que estão fazendo o controle natural da Mosca-branca e Percevejo de renda também serão eliminados. O manejo correto do mandarová deve ser adotado também com vistas a manter baixa a população da Mosca-branca, a qual também pode ser influenciada por fatores climáticos ou outros.

Segundo o pesquisador, pensando em mandarová, há três ferramentas para o controle biológico. Na fase de ovo a liberação do inseto Trichogramma Pretiosa, muito usado na cana de açúcar e que também ocorre naturalmente dentro do mandiocal. “Aplicando o Baculovírus ou Bacillus preservamos o predador natural e numa próxima revoada do mandarová teremos os ovos parasitados, evitando a aplicação química”, aconselha.

Outra sugestão é ter um sistema de alerta, no qual detectando o ovo, se adquira e libere na área o parasitoide. Pensando em fase de lagarta, duas ferramentas chaves hoje são o Bacillus thuringiensis, e Baculovírus perinius, a diferença entre eles é o custo. O primeiro é preciso comprar, enquanto que o segundo há meios de produzir na propriedade.

Na cultura da mandioca são poucos inseticidas químicos registrados, todos eles a base de piretróides. Rudiney observa que aplicado na revoada este inseticida seleciona indivíduos resistentes que se multiplicarão nas futuras aplicações até que o produto não mais funcione para o manejo do mandarová.

Faça parte do nosso grupo de WhatsApp e fique atualizado.

Participar do Grupo

You may also like

Leia Mais