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Tratamento de Sementes: Evolução da prática que visa maior proteção e produtividade das lavouras

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Até o final da Década de 1970 a soja era cultivada no Rio Grande do Sul até o Paraná, com pouca presença no Estado de São Paulo. Aos poucos foi se expandindo pelo Brasil Central e em 1981 levantamentos mostravam apenas 5% passava pelo processo de tratamento de sementes.

O cenário começou a mudar quando as lavouras passaram a ser de maior porte, o que dificultou um plantio em unidades iguais, além das dificuldades climáticas. Além de ter bom vigor e boa germinação, a sementes necessita que o solo tenha a umidade adequada. Caso o contrário, os fungos atacavam e a deterioravam.

Com a aplicação de um fungicida sistêmico associado a um fungicida de contato, notou-se que a semente ganhava uma camada protetora e garantia até duas semanas após a emergência.

De acordo com o pesquisador de Patologia de Sementes da Embrapa Soja, o Ph.D. Ademir Assis Henning, mesmo com essa vantagem o Tratamento de Sementes não emplacou no país. Até que em 1991 começaram a surgir casos de cancro da haste no Brasil e pesquisadores começaram a difundir aos agricultores a importância de uma semente tratada para a qualidade de uma lavoura.

A partir daí o produtor também percebeu que até mesmo o “plantio no pó” tinha melhores resultados quando a semente da soja havia passado por um tratamento, ao contrário das perdas totais de antes.

Na Safra de 1998/1999 o tratamento de semente de soja com fungicida havia saltado de apenas 5%( em 1991) para 92%. Hoje em dia, com porcentagem em torno de 95%, o tratamento de sementes evoluiu e agora também oferece a adição de micronutrientes (cobalto + molibdênio) e até mesmo inseticida e inoculantes.

tratamento-de-sementes-03  Pesquisador de Patologia de Sementes da Embrapa Soja, Ph.D. Ademir Assis Henning

A partir deste momento começou a ficar complicado para o agricultor fazer o tratamento da semente em pequenas máquinas em sua propriedade e, com isso, as grandes empresas do setor desenvolveram o Tratamento Industrial de Sementes, algo que vem aumentando porque traz mais sossego e garantia aos agricultores. Cerca de 45% deles já adotaram as sementes industrialmente tratadas.

No entanto as empresas, no intuito de venderem, começaram cada vez mais a adicionar os mais variados produtos em suas sementes, que hoje contam até com nematicida.  Isso trouxe preocupação aos agricultores quanto à qualidade da semente e eficiência desses aditivos.

Henning explica que com esse excesso de adição, também se aumenta o volume de calda. O recomendado antes era 600 ml para cada 100 quilos (quando se utilizava água como veículo). Hoje, com a utilização de polímeros, essa calda já foi testado o volume de até 1.100 ml por 100 quilos de semente, com sucesso. Porém essa semente deve ter alto vigor. Caso contrário, não haverá a germinação desejada.

Segundo o pesquisador, não se deve deixar de adicionar o inoculante na semente, porém ele deve ser o último produto a ser incluído, sendo deixado para o momento da semeadura (no sulco ou diretamente na semente).

Reinoculação

O pesquisador de Patologia de Sementes da Embrapa Soja também explicou o conceito de reinoculação, que consiste no ato de inocular mesmo em áreas onde isso já foi feito, colocando no solo, todo ano, um bom inoculante para que novas estirpes sejam alocadas na sementes, para que elas colonizem a raiz e formem novos nódulos e trabalhem em, por exemplo, na fixação de nitrogênio.

É interessante, portanto, o agricultor ter ciência do seu solo, conhecendo os problemas que nele existam e, assim, evitando utilizar produtos que não são necessários para aquela área.

Henning destaca que os agricultores devem estar atentos aos “pacotes” oferecidos pelas empresas para o tratamento de sementes. Segundo o pesquisador, o produtor deve apenas gastar com produtos que sua área necessite. “Se não há insetos no local, por exemplo, para que investir em inseticida no tratamento de sementes? Na maioria dos casos, é oferecido o pacote completo, mas o agricultor deve focar apenas no vigor da semente e nas características de sua área e solo. O produtor não deve engolir esses pacotes goela abaixo. Indicamos que ele consulte um profissional para que as melhores alternativas sejam indicadas”, afirma.

Evolução

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Sobre as dificuldades que ainda existem no conceito de tratamento de semente de soja, o pesquisador da Embrapa comenta que o sistema evoluiu muito no decorrer do ano, com o auge do processo com a utilização de máquinas sofisticadas que processam 30 toneladas/hora e com qualidade.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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