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Pesquisador fala sobre o manejo de ervas daninhas de difícil controle

Fernando Adegas pesquisador especialista em plantas daninhas
Fernando Adegas pesquisador especialista em plantas daninhas

Estamos às vésperas do plantio da cultura da soja e, pelo que tudo indica, será uma ótima safra. Dentre as preocupações dos produtores estão as plantas daninhas resistentes ao glifosato que, a cada ano, parecem aumentar e com isso elevar os custos de produção, além de comprometer a produtividade.

A fim de levar informações atualizadas para os produtores a equipe da Revista Agrícola falou com Fernando Storniolo Adegas, pesquisador especialista em plantas daninhas da Embrapa Soja de Londrina sobre o assunto. Acompanhe a seguir a entrevista:

 

Revista Agrícola: Quais as principais espécies de plantas resistentes a glifosato no Brasil?

Fernando Adegas: Atualmente existe o relato de seis espécies resistentes ao glifosato no Brasil: Lolium multiflorum (azevém), Conyza bonariensis, Conyza canadensis e Conyza sumatrensis (Buva), Digitaria insularis (capim-amargoso) e Chloris elata (capim-branco).

 

R.A.: Por que o amargoso e a buva ainda continuam causando problemas?

Adegas: Estas plantas ainda têm causado problemas porque se disseminaram para uma grande parte da área produtora de soja no país, se adaptaram às diferentes condições de clima e solo, além de serem plantas consideradas de difícil controle, principalmente o controle químico.

A buva é uma das grandes preocupações do pesquisador
A buva é uma das grandes preocupações do pesquisador

R.A.: Como resolver quando estão sozinhos?

Adegas: Primeiramente o importante é manter as boas práticas agrícolas (rotação de culturas, cobertura de solo com palhada, época correta de semeadura, escolha da variedade ideal, etc), que vai ajudar no manejo dessas duas espécies. No aspecto do controle químico, como a buva é uma dicotiledônea e o capim-amargoso é uma monocotiledônea, devemos utilizar herbicidas específicos para cada população dessas plantas.

 

R.A.: E quando temos os dois na mesma área?

Adegas: Aí é complicado, pois como mencionado anteriormente, os herbicidas para cada uma dessas populações são diferentes: latifolidicidas para a buva e graminicidas para o capim-amargoso, que não devem ser aplicados conjuntamente e sim de forma separada.

Pela leveza da semente, o capim amargoso é disseminado com facilidade
Pela leveza da semente, o capim amargoso é disseminado com facilidade

R.A.: Qual intervalo ideal entre as aplicações sequenciais?

Adegas: Esse intervalo é variável, pois depende da espécie a ser controlada (ex: buva ou capim-amargoso), dos herbicidas a serem aplicados e da condição de desenvolvimento das plantas. De maneira geral, a aplicação sequencial para buva tem ficado no intervalo de 7 a 14 dias e para o capim-amargoso entre 14 a 24 dias.

 

R.A.: Qual intervalo entre a aplicação e o plantio de milho?

Adegas: Se for aplicado os herbicidas do grupo dos inibidores da ACCase (conhecidos como graminicidas pós-emergentes) o intervalo para se semear o milho vai depender do herbicida e da dose do mesmo, que normalmente varia entre 5 a 18 dias.

 

R.A.: Como manejar o milho voluntário e quais produtos utilizar?

Adegas: O primeiro passo para se manejar o milho voluntário é diminuir as perdas na colheita, que significa menor quantidade de grãos com potencial de germinação. Os herbicidas que controlam o milho voluntário são os mesmo inibidores da ACCase utilizados para o capim-amargoso, cuja eficiência será em função do ingrediente ativo, da dose e do estádio de desenvolvimento do milho.

Nesta área foram contadas 564 plantas,  em apenas 100 metros quadrados
Nesta área foram contadas 564 plantas de milho voluntário, em apenas 100 metros quadrados

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